- Ano: 2013
Dos arquitetos.Para celebrar o Natal nos Jardins do Palácio de Belém, os LIKEarchitects desenharam uma instalação efémera de luz que aposta numa continuidade dispersa para criar relações entre os diferentes momentos dos jardins, promovendo uma visita aberta ao público a um absorvente mundo iluminado.
A intervenção Constell.ation procurou assim tirar partido de um momento de exceção na história do Museu da Presidência – os jardins do Palácio de Belém abertos ao público num período noturno – propondo-se a ocupar, ainda que com um reduzido orçamento, a escala monumental dos jardins da Presidência.
Constell.ation é, pois, uma intervenção temporária com recursos limitados em que o baixo impacto dos materiais utilizados foi considerado desde o projeto de concepção, através de uma estratégia de reutilização e descontextualização que procura transportar os visitantes para um outro lugar, onde o efémero e o permanente se cruzam gerando uma nova atmosfera que se situa entre o real e a evocação de um mundo imaginário.
A reinterpretação dos elementos luminosos associados ao período natalício, encontrou na multiplicação de (despojados) arcos de Natal - que geralmente cobrem as ruas da cidade -, a oportunidade de formalizar uma mesma intervenção composta por diversos momentos, em diferentes espaços, com uma natureza espacial capaz de criar uma ambiência envolvente, diferenciadora e, ao mesmo tempo, enunciadora da atmosfera natalícia sem recorrer aos lugares-comuns associados ao Natal.
O arco, elemento primordial da arquitetura edificada, tem a capacidade inerente de definição de espaço (sob, debaixo, etc..), ao mesmo tempo que cria uma relação física entre dois lugares (entre, dentro, etc..), estando por isso sempre relacionado com os conceitos de envolvimento, união ou conexão. Utilizados em pequenas constelações, os arcos enfatizam diferentes enquadramentos, criando molduras iluminadas sobre a envolvente natural e edificada.
Constell.ation é uma proposta gestual que recorre à luz como veículo materializador, evocando uma linguagem visual poética formada por caligrafias, esquissos e coreografias livres na paisagem, que se fazem notar ao ritmo suave das oscilações luminosas. Materializada por uma rede de arcos contíguos em tubo corrugado vermelho retro-iluminado por LED, Constell.ation dança delicadamente sobre os jardins, relacionando espaços e estabelecendo percursos inesperados.
Diferentes partes do jardim são invadidas por uma oscilante luz vermelha que desperta momentos introspectivos e curiosidades, ao mesmo tempo que remete para o período natalício. A proposta estabelece, assim, relações entre plataformas a diferente cotas, entre o construído, os buchos e a água das fontes, dando um novo sentido de continuidade efémero aos jardins do Palácio de Belém.
O vermelho, do Natal e do tubo corrugado, sai reforçado, também durante o dia, pela sua complementaridade com os verdes dos jardins, obtendo-se um grande contraste cromático, capaz de afirmar a presença da intervenção a quem passa desde a rua. Os diferentes momentos criados pontuam a história do lugar e atribuem uma escala global à intervenção, que é visível no seu todo desde a Praça Afonso de Albuquerque.